28/07/2016

Confere, Aderbal?



 
Vladimir Kazak

Vejamos se entendi; A fedelha estava se afogando, teria uma morte lenta e agonizante como poucas. O cidadão arriscou-se para salvá-la, com uma multidão como testemunha, a reanimou e encaminhou para o socorro médico. Ela, em vez de agradecer ou simplesmente tocar sua vidazinha, moveu um processo contra o herói por ter tocado seu corpinho sacrossanto sem sua permissão, depois foi à internet com um vídeo cheio de lágrimas de crocodilo, se disse ofendida e invadida por ter sido tocada sem permissão e inconsciente por um estranho, como se fosse um estupro.

Meses depois do ocorrido, ninguém dos que se dizem lutadores pela igualdade se solidarizou com o homem, pelo contrário, apareceram mais fedelhas apoiando aquela, algumas afirmando que é assim que se deve tratar um homem, pois homens são todos iguais e devem ser odiados. Eu não imaginei isso, eu li. O cidadão a salvou, foi processado e as centenas de testemunhas em seu favor foram desconsideradas pelas fulanas.

Confere, Aderbal?

Confere!

Prossigamos. Um sujeito nasceu em uma democracia, teve sua família acolhida por esse país, pois no de origem até olhar torto para o chão poderia ser motivo para repressão. Usando dessa democracia, o que fez? Aprendeu tolerância para dar lições de moral aos nativos? Não, se alinhou com grupos extremistas, que ignoram solenemente que em sua região as pessoas se matam há quase um milênio e meio, simplesmente porque o outro reza em ré bemol. Infiltrou-se entre os freqüentadores de uma boate gay, estudou todos por meses, ganhou sua confiança e, dada noite, simplesmente matou o máximo que pôde antes de ser morto. E por ter sido morto, muitos ainda o enxergam como coitadinho e vítima da nação branca, hétero e machista... Hein?

Não obstante a dor das famílias, especialmente diante dos festejos em redes sociais por parte dos simpatizantes desses radicais, fedelhas vêm a público afirmar que não têm pena das vítimas, pois não seriam gays de verdade, visto que praticamente todos eram formados e trabalhavam em “profissões de homens”, seriam masculinizados demais e por isso seriam culpados pelo massacre, já que contribuíam com a perpetuação do modelo patriarcal da sociedade americana e que, palavras de uma delas, todos os homens teriam que ser mortos e ponto final. Os lutadores pela igualdade não deram importância a isso e reiteraram o ódio pelo ocidente.

Confere, Aderbal?

Confere!

Há anos, e põe anos nisso, a então primeira-dama americana expressou sua indignação, quando a polícia desbaratou uma quadrilha de traficantes que aliciava crianças. Na época ela chamou de monstro qualquer um que levasse crianças para o mundo do crime. Foi apoiada, recebeu a solidariedade popular. Em evento eleitoral recente, seu marido, na época presidente, precisou bater boca com um grupinho que nem sabia que era gente naquela época, alguns nem eram ainda, eles berravam frases prontas e palavras de ordem como “jovens negros não são monstros”, quando ela na época se referiu especificamente ao crime organizado, sem fazer sequer menção a biótipo, gentílico, religião ou orientação sexual, referiu-se especificamente a quem recruta crianças para o mundo do crime.

Esse grupo é da mesma turma que em uma pegadinha séria, rendeu apoio caloroso a um estranho em uma faculdade, quando ele tremulava a bandeira do estado islâmico, pois era seu direito de expressão, mas o repreendeu com rispidez quando ele fez o mesmo com a de Israel, em cujo território há parlamentares muçulmanos e cristãos no mesmo parlamento em que há judeus, sem segregação, como é no exército. Eles não quiseram saber, simplesmente repetiam gritando o que o organizador da baderna mandou que repetissem, como fazem fanáticos neopentecostais. Detalhe: A candidata é grande defensora dos direitos humanos e minorias, mas é branca, para eles seria culpada pelo que seus antepassados teriam feito, mesmo sem saber se o fizeram. Em redes sociais, os defensores da igualdade não deram a mínima, fingiram que nada tinha acontecido.

Confere, Aderbal?

Confere!

Ao próximo. Um sujeito que fora expulso do exército por assédio sexual se aproveitou da comoção nacional, em uma época em que grupos racistas voltaram à tona, felizmente sem a força de outrora, mas se infiltraram na polícia como radicais islâmicos se infiltram entre suas vítimas. Ele comprou uma arma de grosso calibre, que seu treinamento militar lhe permitiu manusear com maestria, e simplesmente abriu fogo contra policiais que atendiam a uma ocorrência, sem se importar se acertaria também os manifestantes. Foi morto por um robô teleguiado, pois o comando não quis arriscar seus policiais, mesmo os policiais negros.

A intenção declarada, e este não foi o primeiro caso, era matar policiais brancos para vingar vítimas negras de abusos de autoridade e procedimentos. Ou seja, justificaram as estupidezes que cometeram citando as alheias, vingando-se em quem não cometeu as atrocidades alegadas. Não houve investigação alguma por parte dos elementos, eles não deram nomes aos bois e não foram para cima dos que abusaram de suas fardas, simplesmente generalizaram e foram tomados como vítimas por lutadores pela igualdade. As credenciais machistas e misóginas que motivaram a expulsão do último caso não tiveram peso algum, a ordem é odiar e destruir a cultura branca ocidental, assim como um rapaz branco foi quase fisicamente agredido por um negro, por usar penteado rastafári, este o acusando de apropriar-se de sua cultura, como se fosse crime gostar e usar elementos de outras culturas. “Cada um vive como quiser e ninguém se mete” é só para uns.

Confere, Aderbal?

Confere!

Um trombadinha furtou o smartphone de uma cidadã no Rio de Janeiro, ela cometeu a asneira muito difundida de colocar o aparelho no bolso de trás do short, o que o deixou ridiculamente exposto e fácil de cair, quanto mais de subtrair! O elemento foi detido, depois solto sem qualquer medida corretiva, o aparelho já deve estar em algum presídio, sendo usado para comandar assassinatos ou mesmo chantagear cidadãos com falsos seqüestros. O acontecimento foi divulgado com menor importância pela imprensa, pois era só mais um entre tantos e desta vez houve o bônus de a vítima não ter sofrido qualquer agressão; foi furto, não roubo, e ela nem se dera conta na hora do ilícito.

Tudo teria ficado naquilo, se um grupo de lutadores pela igualdade não tivesse vindo a público declarar apoio ao meliante, alegando que ele precisava trocar por comida (mesmo sem saber se é realmente verdade) e que a vítima depois poderia pedir outro ao papai rico, ainda reiterando que o meliante estava certo no que fez. Não obstante a apologia ao crime, eles ignoraram e fingiram não tomar conhecimento das declarações amplamente divulgadas da vítima, esta quando soube da postagem muito compartilhada por outros defensores da igualdade. Ela se declarou trabalhadora doméstica, que ainda estava pagando pelo aparelho subtraído. Ninguém falou mais no assunto, nem para dizer que houve um equívoco e que se tomará mais cuidado para não haver conceitos preconcebidos em comentários futuros. Simplesmente não deram importância à vítima, que é pobre e conseguiu o aparelho a duras penas.

Confere, Aderbal?

Confere!

Isso só para citar alguns casos. Não vou esmiuçar a degola do padre francês por um terrorista, dentro da igreja, diante dos fiéis, que foi muito eufemizada pela imprensa politicamente patética e não rendeu nenhuma comoção entre os defensores da igualdade. A vítima, para eles, é única e exclusivamente o assassino.

Meus parabéns, idiotas! Vocês lograram êxito no que o nazifascismo falhou vergonhosamente! O mundo já está dividido entre as vítimas puras inocentes e os verdugos perversos irrecuperáveis, centenas de grupos que tentam a qualquer custo se enquadrar no primeiro critério. Talvez porque na época da guerra, não houvesse retardados eloqüentes como vocês para meter o bedelho em tudo, até no que não sabem do que se trata, obedecendo cegamente a retoristas patológicos cheios de boas intenções, e atrapalhar o andamento precário da paz que tínhamos conseguido a duras penas nos anos 1990, sem nos dar tempo para disseminar essa conquista pelo mundo. O Czar KGB agradece.

Se Hitler ainda estivesse na Terra, estaria orgulhoso de vocês.

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